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segunda-feira, 18 de julho de 2011

GORDURA NÃO SAI NA URINA



FISIOLOGIA X MARKETING

Existem alguns tratamentos mágicos oferecidos no mercado que prometem remover as gorduras localizadas com o uso de um método baseado na aplicação local de um aparelho que quebraria a célula de gordura liberando o seu conteúdo no espaço intercelular de modo que a gordura livre seria posteriormente eliminada do corpo pela urina e pelas fezes.

Acontece que os rins não são capazes de fazer este tipo de eliminação.


A gordura é um nutriente para nosso corpo, sendo assim não é eliminada pelos rins, para que isto ocorra, para que um nutriente, como proteína, gordura, glicose, seja eliminado pelos nossos rins através da urina seria necessário que houvesse falência na função renal. Nossos rins funcionam da seguinte maneira: filtram o sangue eliminando as toxinas e mantendo dentro do organismo as substancias que são essenciais ao nosso metabolismo, os nutrientes...e gordura é um nutriente!


Se os rins tivessem como, fisiologicamente eliminar o excesso de gordura do nosso corpo, não haveria pessoas obesas.


Da mesma maneira o nosso intestino não elimina gordura pelas fezes. O intestino delgado tem a função justamente de absorver os nutrientes dos alimentos e colocá-los dentro da circulação sanguínea disponibilizando esses nutrientes para o metabolismo do nosso corpo.


Não existe nenhum mecanismo das células intestinais que funcione da maneira descrita em termos do tratamento em questão, pois não há mecanismos nessas células que façam o transporte da gordura da circulação sistêmica para o interior do intestino de forma que esta possa ser eliminada.


Se o intestino fosse capaz de eliminar as gorduras, assim como no caso dos rins, também não existiriam pessoas obesas.


Toda gordura que atinge a circulação sanguínea ou será metabolizada em energia (será queimada) ou será distribuída pelo corpo onde sofrerá novo depósito. Assim, se o tratamento realmente chega a mover as gorduras do interior das células para o exterior, toda essa gordura será levada ao fígado onde será metabolizada e então redistribuída, de modo que não há ocorrência da diminuição da quantidade total da gordura corporal, a menos que esta gordura por necessidade de disponibilização de energia durante esse processo seja então transformada em energia ao invés de ser redistribuída.


As reduções de medida que são verificadas de imediato pelo uso do método, geralmente são causadas pela redução do edema no local da aplicação. Todos nós temos edema, que é a presença de líquido no espaço extracelular e extracirculatório e ao mobilizar esse líquido para que atinja o sistema linfático, ele será eliminado ou redistribuído pelo corpo causando uma redução das medidas no local da aplicação, mas pela redução do edema local.


Se ficarmos com as pernas elevadas acima do tórax por algum tempo, as medidas das circunferências das pernas irão diminuir, pois esta posição facilita o retorno venoso dos membros inferiores diminuindo o edema natural que estes possuem e com isso as dimensões destes irão sofrer uma redução. Basta ficar em pé novamente e as medidas iniciais irão aos pouco retornar ao normal pelo acúmulo progressivo de edema provocado pela posição ortostática.


Assim, não se deixe enganar pela promessa milagrosa de perder medidas pelo uso deste método, nem a de perder peso. Quem afirma que o método gera a perda de gorduras pela sua eliminação pela urina ou pelas fezes desconhece os fundamentos da medicina, pois desconhece fisiologia renal e fisiologia do trato digestivo.


Fonte: Dr. Iversen Ferrante Boscoli - CRM: 85374 - SP
Médico pela Universidade Federal do Paraná
Cirurgião Plástico pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina 


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